22 de julho de 2008

O não-Nobel


Em 1982 Jorge Luís Borges recebeu a notícia que o Nobel havia sido atribuído a um escritor sul-americano. Mas não a si. E Borges era o maior escritor sul-americano vivo. A sua reacção foi: "- Extraordinário. Magnífico. Foi essa a melhor escolha que a Academia Sueca podia fazer."

O premiado fora Gabriel García Marquez. E sobre o assunto Borges disse: "-Eu li Cem Anos de Solidão e basta este livro. É um livro difícil de definir. A mim, pessoalmente, a primeira parte parece-me superior à última. Não há dúvida de qualquer forma que se trata de um livro original, longe de qualquer escola, de todo o estilo e sem antepassados".

Mais tarde, numa outra entrevista perguntam-lhe se não sentia uma certa mágoa por nunca ter sido galardoado com um Nobel. Borges terá encolhido os ombros e respondido: "– A inteligência dos europeus demonstra-se pelo facto de nunca me terem dado o Prémio Nobel... E sabe porquê?!... Não existe um escritor mais aborrecido do que eu. É um grande equívoco que as pessoas me leiam, porque nem eu próprio gosto do que escrevo e por isso nem sequer me leio... Nunca me li. Tudo o que escrevi, tudo, não passa de rascunhos... rascunhos!... papéis soltos... Não compreendo as pessoas. E por exemplo nesta biblioteca que vê aí, não tenho livros meus... Para quê?"
Borges nasceu em Buenos Aires, em 1899, descendente de portugueses e faleceu em Genebra, em 1986, cego e rodeado de livros. Ali permanece sepultado por sua vontade expressa.
Acerca da sua obra escreveu uma vez: "Não criei personagens. Tudo o que escrevo é autobiográfico. Porém, não expresso as minhas emoções directamente, mas por meio de fábulas e símbolos. Nunca fiz confissões. Mas cada página que escrevi teve origem nas minhas emoções."

1 comentário:

CCF disse...

Borges é mesmo especial. Não sabia nada disto, é bom vir aqui saber coisas, novas coisas.
~CC~