28 de julho de 2008

-Clara? parto afinal para Arles.
- Então? que se passou Xavier?
- Lembras-te de Louis, o alfarrabista?
- Sim, que tem?
- Não conseguiu localizar o terceiro livro de Sevlak. Parece que o nosso Erik Sevlak publicou o terceiro livro em francês, apenas, e fê-lo com um editor diferente, de Arles. Todavia, aparentemente, o depósito de livros ardeu em circunstâncias misteriosas e quase todos os exemplares pereceram.
- Que maçada. E não se chegaram a vender nenhuns livros?
- Acho que sim, mas ninguém consegue garantir isso. Louis acha que deverei ser capaz de encontrar algum exemplar numa loja de Arles, ou talvez encontrar alguém que tivesse conhecido Sevlak, mas parece que ele esteve pouco tempo na cidade.
- E porque teria Sevlak escolhido Arles para publicar o seu terceiro romance? - perguntou Clara. Xavier notou o seu interesse crescente, mas a resposta era difícil:
- Não te sei dizer ao certo. Mas recordas-te do conteúdo do prefácio da segunda edição da tradução francesa?
- Sim... - respondeu Clara apreensiva.
- "...je regarde ce Rhône si serein par la nuit, sous ce ciel epargné d' étoiles, traversant une petite ville Provençale..."
- Não me digas que se refere a Arles?... - perguntou Clara - como sabes isso?
- Lembras-te do quadro que eu estava a observar no dia em que nos conhecemos? Quero dizer, no Musée d' Orsay?
- O de van Gogh? O que inspirou a música... como se chama a música?...
- A de Don McLean? - atalhou Xavier.
- Sim, sabes a que me refiro... como se chama?
- Starry night...
- Isso Xavier, bravo, a pintura chama-se Starry Night over the Rhône, certo?
- Exactamente, Clara. Parece que o nosso Sevlak também gostava de van Gogh e no texto do livro refere-se ao efeito que o quadro teve no seu personagem.
- Mas van Gogh pintou centenas de quadros, Xavier, porque é que Sevlak se interessaria em particular por aquele?
- É isso que pretendo descobrir em Arles, Clara. Acho que o nosso Sevlak é muito mais profundo que aquilo que a sua escrita deixa transparecer.
- Aproveita para ver o anfiteatro romano Xavier.
- Conheces Arles, Clara? Decididamente...
- Não Xavier, mas li sobre Arles. Nunca se sabe quando chega o dia em que o homem da nossa vida nos fala sobre Arles e temos de dizer alguma coisa sobre o assunto.
- Clara?
- Sim Xavier?!
- Queres vir a Arles?
- Por momentos temi que não tencionasses convidar-me Xavier Dias. Quando partimos?

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