27 de outubro de 2008

Laxness e a realidade contemporânea islandesa

Ao fim e ao cabo, bem vistas as coisas, tudo parece seguir algum rumo, embora haja momentos em que muitos possam duvidar que assim seja. E os sonhos do homem tornam-se realidade, acima de tudo se ele nada fizer de especial para os realizar, e lá estão os primeiros sacos de cimento na calçada, apanhando o agricultor de surpresa. Diz-se que quando o homem se tornar merecedor de habitar uma casa melhor, terá uma casa melhor, que surgirá espontaneamente da terra para ele, a vida encarrega-se de brindar o indivíduo com tudo aquilo que ele merece, e o mesmo se diz da nação como um todo. A guerra tornou importantes muitas pessoas, e alguns países também, e é de facto deveras duvidoso que ilustres políticos possam fazer mais pela nação islandesa do que o fez uma guerra acompanhada de tremendos assassinatos em países estrangeiros. [...] O pão de outrem é o pior veneno que um homem livre e independente pode ingerir, o pão de outrem é a única coisa que o pode roubar da sua independência e da verdadeira liberdade.
.
Halldór Laxness, 1935, Gente Independente

Sem comentários: