31 de março de 2008

Pétalas da cidade sonhada
por Rainer Maria Rilke

Um dia
num dia quente de Verão
enquanto as libelinhas dançavam
rodopiando sobre violetas violeta
junto à fonte
sob o zumbido constante das abelhas e dos moscardos,
e as mulheres da aldeia
lavavam a roupa no riacho
batendo as peças nas pedras gastas
do passadiço alagadiço.
Um dia,
num dia quente de Verão,
enquantos as libelinhas dançavam,
as violetas falavam-me da minha amada
e a sua memória já só me chegava
avivada por vagas
provenientes de ecos distantes
sem cor nem cheiro,
.
Eu perguntava insistentemente "onde estás"?

2 comentários:

Anónimo disse...

Não sei porque gostam as pessoas de apagar memórias. Só as torna mais ocas e menos felizes. Sou como tu, guardo cada palavra e olhar ainda que fugidio pela absoluta incapacidade de esquecer.
Sei que a tua amada ecoará sempre em ecos distantes ou mais perto, consoante a chama devastadora do mar te invadir. E invade E., e é isso que te torna mais belo. T

E. disse...

T, não procuro esquecer nada do que se passa ou passou na minha vida. Isso só deve aconecer nos pesadelos de criança. A vida é composta de cada fragmento, certo? Evidentemente, com o tempo temos outra visão de tudo. Um episódio importante em criança tem agora outra dimensão. Acho que amadurecer é isso.