9 de janeiro de 2008

Tativille

O aparecimento do som no cinema permitiu-lhe ganhar essa enorme riqueza resultante do cruzamento do som e da imagem. Evidentemente, a expressividade da representação sem som não voltará a ser a mesma, mas este é um dos casos em que há males que vêm por bem. Todavia, muito depois do aparecimento do som, alguns realizadores optaram apenas por utilizar a vertente do ruído e sons em alguns dos seus filmes, em detrimento do diálogo. Um deles foi Jacques Tati, para quem o diálogo é reduzido à sua mais ínfima expressão ou é mesmo suprimido, mantendo-se apenas o ruído e o som ambiente em complemente da expressividade do quase-silêncio das personagens. Chegamos assim a situações caricaturais mas genialmente ridículas, de uma expressividade corporal quase surreal, como sucede, por exemplo, em Playtime - reproduzido abaixo - ou em Mon Oncle, ambos filmes de um extraordinário e refinado humor. O sucesso resulta em larga medida dos planos estudados ao pormenor, como por exemplo ruído de passos num longo corredor, ranger de portas, murmúrios de actores e até o respirar destes. Simplesmente brilhante. Como o site do realizador, a visitar demoradamente.



Playtime, 1967, de Jacques Tati

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