29 de março de 2010

Caminhos cruzados

Quando a Primavera de 2008 assentou arraiais na Europa, o jornal Público evidenciou a notícia com a foto de um tagarela-europeu a comer mirtilos num jardim em Minsk. Um facto tão importante como a chegada da Primavera, ou uma ave a degustar mirtilos não nos podia passar despercebido e por isso foi aqui devidamente assinalado. O que nos surpreende é que, precisamente dois anos volvidos desde aquele instante, a pequena ave voltou a ser motivo de destaque e teve direito a um poema apócrifo que nos sensibilizou e que por esse motivo transcrevemos:


Jizz - aves

Caio em mim
o comum da crise
a solidão o vento leve
o poço e o céu.

De relance reconheço-te
a tua mensagem cheia de sol
longe da terra ave da peste.

levo ainda cópias do teu voo
foge do olhar frio
o céu é teu.

primavera primavera
insurge-te.
.
Uma vez que regressámos a Minsk, uma ex-cidade do antigo império russo, occore-me, por associação de ideias, embora isso tenha pouco, ou mesmo nenhum interesse, que creio que muito poucas composições transcrevem tão bem o triunfo da chegada da Primavera como a abertura da quarta sinfonia de Tchaikovsky (mas fica ressalvado que não discordarei de quem defenda que o quarto andamento da nona sinfonia de Dvorak - dita do Novo Mundo - seja a obra certa para assinalar o evento).


Piotr Tchaikovsky, IV Sinfonia, I andamento

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