El Amor Brujo, Danza del Fuego Fatuo
El Amor Brujo é uma obra emblemática. Pela inovação, porque representa uma viragem na música ibérica traduzida num desvinculamento das tradições recebidas dos cânones da música clássica herdados do romantismo, mas sobretudo porque incorpora as tradições do flamenco andaluzo numa base clássica, assumindo marcadamente a fusão de dois estilos tão diferentes, sem contudo recorrer ao uso de qualquer sonoridade musical tradicional na música andaluza (não há castanholas, nem tamborinos, nem palmas, nem batida de pés no solo, nem sinos), embora os mesmos sejam perceptíveis através da interpretação de outros instrumentos como o piano, cordas ou metais. A grande riquezas da obra resulta ainda desse aspecto, da subsunção da alma flamenca em instrumentos não tradicionais na folk music, de uma forma quase subliminar.
A peça musical traduz diversos estados de alma dos personagens, os quais mudam ligeiramente entre os diversos "episódios", donde as ligeiríssimas variações entre frases musicais cuja percepção nem sempre é evidente.
A princípio, a obra, encomendada por uma bailarina cigana (Pastora Imperio), não foi bem recebida pelo público, mas os sucessivos acertos que lhe foram introduzidos por Falla levaram a que se tornasse num ícone a partir da segunda década do séc. XX, quando o compositor a transformou numa peça de ballet a acompanhar por uma orquestra inteira. A peça requer, quando interpretada a solo, bastante virtuosismo, patente de resto na tardia Dança Ritual do Fogo, brilhantemente interpretada por Arthur Rubinstein (e por ele retocada a versão para piano). Rubinstein travou conhecimento com Falla entre 1915 e 1916 aquando de uma digressão deste por Espanha, a caminho do vapor que o levou em 1916 para uma digressão no continente Sul Americano e tornou-se seu admirador.
No dia da estreia de El Amor Brujo, em 15 de Abril de 1915, em Madrid, o jornalista Rafael Benedito entrevistava Manuel de Falla para o La Patria: "Hemos hecho una obra rara, nueva, que desconocemos el efecto que pueda producir en el público, pero que hemos "sentido".
Falla compôs diversas versões de El Amor Brujo para orquestra grande, reduzida, coro e ballet e uma delas, uma versão para sexteto, foi estreado em Lisboa, em 1915.
Como R. M. Rilke, também Falla teve uma cidade sonhada, que no seu caso era Granada, segundo palavras da sua companheira: Una mañana de abril [...] dije: "Hoy vamos a visitar la Alhambra". Y allá fuimos [...]. Al llegar a las puertas de lo que fue palacio y fortaleza, dije a mi compañero de peregrinación: "Déme usted la mano, cierre los ojos y no vuelva a abrirlos hasta que yo le avise". Consintió en mi capricho, divertido como chiquillo que juega a ser ciego [...]. Condújele a la ventana central [de la Sala de Embajadores en la Torre de Comares] [...] "¡Mire usted!", dije soltando la mano de mi compañero. Y él abrió los ojos. No se me olvida el ¡aaah! que salió de su boca. Fue casi un grito.
MARTÍNEZ SIERRA, María. Gregorio y yo. Medio siglo de colaboración. Valencia, Pre-Textos, 2000, p. 195.
5 comentários:
Um dia sei que morrerei bailando,
quando as crostas das feridas sarerem
e os loucos privarem com os deuses,
eu levarei os malmequeres dos loucos, para o pátio
as orquídeas do meu sangue irão a enterrar,
e o baile deixará no seu caminho
a pólvora do meu coração a arder. T
Gostei muito das mãos dançando, feitas pássaros. Gostei menos do fim, ou então não percebi.
~CC~
Um poema muito "flamenco" T., cheio de "rojos" e flores.
CCF, gosto da imagem dos pássaros. A peça (diz-se que baseada numa história contada pela mãe de Pastora Imperio) reflecte a história de uma jovem cigana que se apaixona por um rapaz da sua etnia, mas entretanto é enfeitiçada pelo seu antigo e despeitado noivo. A história reflete o percurso e os diferentes estados de alma dos dois amantes navegando num mar de dificuldades até se libertarem do feitiço
Pois, toda eu sou flamenco, embora não saiba muito bem porquê ?
Embora não acredite em feitiços. T
Oh mon cher maître, que je suis bête!
Adieu, oh Barcelone! ¡Vive la musique moderne!
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