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Na Única do Expresso desta semana, uma pequena notícia sobre Daniel Day-Lewis e o seu novo filme - "There Will be Blood" - para cujo papel se preparou activamente durante dois anos. Day-Lewis faz pouquíssimos filmes, mas o que faz é normalmente bom. "O Meu Pé Esquerdo", "Gangues de Nova Iorque", "A Idade da Inocência", "O Boxeur", "Gandhi" e "Sunday Bloody Sunday", são, entre outros, alguns desse títulos. Mas há mais. Um bom exemplo: há dias falavamos de Juliette Binoche a propósito de "Três Cores: Azul". Lewis e Binoche contracenaram juntos em "A Insustentável Leveza do Ser", de Philip Kaufman (1988), juntamente com Lena Olin. Vi o filme pouco tempo depois da leitura do livro de Milan Kundera; a parte estética ficou preenchida com o trabalho de Kaufman, embora isso não tenha resultado completamente noutros campos - o personagem de Tomás fica esvaziado de conteúdo no filme, sendo extremamente rico no livro. Mas aqui, Binoche (Teresa), Lewis (Tomas) e uma surpreendente Lena Olin (Sabina) dão corpo de forma superior às personagens de Kundera.
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Italo Calvino, na sua crítica à obra resumiu-a assim: "O peso da vida, para Kundera, está em todas as formas de opressão. Este livro mostra-nos como, na vida, tudo aquilo que escolhemos e apreciamos pela leveza acaba por se revelar de um peso insustentável. Apenas, talvez, a vivacidade e a mobilidade da inteligência escapam à condenação - as qualidades da escrita de Kundera pertencem a um universo que não se limita aquele do viver".
E é, de facto, esse, o drama de Sabina: "O que lhe acontecera ao certo? Nada. Deixara um homem porque queria deixá-lo. Esse homem tinha vindo atrás dela? Tinha querido vingar-se? Não. O seu drama não era o drama do peso, mas o da leveza. O que se abatera sobre ela não era um fardo, mas a insustentável leveza do ser."
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[É que,]
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"... Franz é forte, mas a força dele está unicamente voltada para fora. Com as pessoas com quem vive, com aqueles que ama, é muito fraco. A fraqueza de Franz chama-se bondade.
[...]
Então [Sabina] perguntou a Franz:
- E porque é que de tempos a tempos não te serves da tua força contra mim?
- Porque amar é renunciar à força', disse Franz, com doçura.
Sabina percebeu duas coisas: primeiro, que aquela frase era bela e verdadeira; segundo, que, com aquela frase, Franz acabara de se desvalorizar para sempre na sua vida erótica"
Italo Calvino, na sua crítica à obra resumiu-a assim: "O peso da vida, para Kundera, está em todas as formas de opressão. Este livro mostra-nos como, na vida, tudo aquilo que escolhemos e apreciamos pela leveza acaba por se revelar de um peso insustentável. Apenas, talvez, a vivacidade e a mobilidade da inteligência escapam à condenação - as qualidades da escrita de Kundera pertencem a um universo que não se limita aquele do viver".
E é, de facto, esse, o drama de Sabina: "O que lhe acontecera ao certo? Nada. Deixara um homem porque queria deixá-lo. Esse homem tinha vindo atrás dela? Tinha querido vingar-se? Não. O seu drama não era o drama do peso, mas o da leveza. O que se abatera sobre ela não era um fardo, mas a insustentável leveza do ser."
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[É que,]
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"... Franz é forte, mas a força dele está unicamente voltada para fora. Com as pessoas com quem vive, com aqueles que ama, é muito fraco. A fraqueza de Franz chama-se bondade.
[...]
Então [Sabina] perguntou a Franz:
- E porque é que de tempos a tempos não te serves da tua força contra mim?
- Porque amar é renunciar à força', disse Franz, com doçura.
Sabina percebeu duas coisas: primeiro, que aquela frase era bela e verdadeira; segundo, que, com aquela frase, Franz acabara de se desvalorizar para sempre na sua vida erótica"
1 comentário:
Hoje valeu a pena vir aqui.
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