8 de dezembro de 2012
27 de novembro de 2012
I wish you enough
Pela manhã abro o Facebook e deparo-me com o texto apócrifo que transcrevo abaixo. Recupero-o, porque me parece merecer ser salvo da efemeridade das inúmeras trivilialidades da rede social e ter o conforto de um pouco mais de contemplação. Porque às vezes não nos damos conta da importância dos pequenos minutos que se nos colam aos anos da vida e deixamos passar instantes que valem para sempre. Felizmente reparei neste recorte da eternidade. E opto por aproveitá-lo para me enriquecer com uma frase plena e suficientemente expressiva para abarcar toda a imensidão sentida por aquelas pessoas verdadeiramente próximas, que sabemos amar incondicionalmente. Porventura nem eu próprio me apercebo neste instante dessa imensidão. Espero contudo que o tempo adiante seja suficiente para a poder transmitir a quem importa que a perceba. Sem receio das palavras.
Recently, I overheard a mother and daughter in their last moments together at the airport as the daughter's departure had been announced. Standing near the security gate, they hugged and the mother said:
"I love you and I wish you enough."
The daughter replied, "Mom, our life together has been more than enough. Your love is all I ever needed. I wish you enough, too, Mom." They kissed and the daughter left.
The mother walked over to the window where I sat. Standing there, I could see she wanted and needed to cry.
I tried not to intrude on her privacy but she welcomed me in by asking, "Did you ever say good-bye to someone knowing it would be forever?" "Yes, I have," I replied. "Forgive me for asking but why is this a forever good-bye?"
"I am old and she lives so far away. I have challenges ahead and the reality is the next trip back will be for my funeral," she said.
When you were saying good-bye, I heard you say, "I wish you enough." May I ask what that means?"
She began to smile. "That's a wish that has been handed down from other generations. My parents used to say it to everyone." She paused a moment and looked up as if trying to remember it in detail and she smiled even more.
"When we said 'I wish you enough' we were wanting the other person to have a life filled with just enough good things to sustain them". Then turning toward me, she shared the following, reciting it from memory,
"I wish you enough sun to keep your attitude bright.
I wish you enough rain to appreciate the sun more.
I wish you enough happiness to keep your spirit alive.
I wish you enough pain so that the smallest joys in life appear much bigger.
I wish you enough gain to satisfy your wanting.
I wish you enough loss to appreciate all that you possess.
I wish you enough hellos to get you through the final good-bye."
She then began to cry and walked away.
They say it takes a minute to find a special person. An hour to appreciate them. A day to love them. And an entire life to forget them.
- Author Unknown
23 de outubro de 2012
A Curva da Cintura (Brasil-Mali)
O projeto estreou no Med, em Loulé, no Verão. Claramente, um projeto vencedor na estreia e um dos candidatos a melhor álbum de World Music do ano. Arnaldo Antunes (ex-Tribalistas), Edgard Scandurra e Toumani Diabaté encontraram-se, quebraram a barreira linguística e, em palco com os filhos de Toumani e Edgard, juntos pela primeira vez, semearam as raízes do que será provavelmente o acontecimento musical do ano no panorama da Música do Mundo.
A Curva da Cintura merece ser ouvido à saciedade. A fusão afro-americana casa na perfeição a sonoridade da voz de Arnaldo, com a Cora de Toumani e a viola elétrica de Edgard Scandurra. Um dos poucos álbuns que arrisca tornar-se um clássico e que certamente sobreviverá à efemeridade da moda. Temas como Kaira (espetacular a sonoridade musical e a mistura das línguas), Grão de Chãos, Cê Não Vai-me Acompanhar ou Um Senhor, que porventura nem são os mais elaborados musicalmente, ficam no ouvido à primeira e abrem o caminho aos demais.
A pouco mais de dois meses do final do ano, e a menos que surja uma (boa) surpresa como Biophilia de Björk, primeiro lançada como app para tablets e telefones e finalmente como álbum nos últimos dias de 2011, por mim está escolhido o grupo e o álbum do ano. Definitivamente, como na letra de Kaira: A música muda você/Você muda mais alguém/Alguém muda outro alguém/Que muda você também [...] A música muda você/Pra melhor/Pra melhor
31 de julho de 2012
21 de julho de 2012
16 de julho de 2012
Quo Vadis Europa II
Há pouco mais de um ano escrevíamos neste blog sobre "Filme Socialismo" de Jean-Luc Godard, poucas semanas após o seu lançamento entre nós. Sobre a metáfora da Europa ali representada por varias famílias de línguas diversas, à deriva por locais icónicos (irónicos?) como o Egito, a Palestina, Odessa, ou a Grécia, num luxuoso cruzeiro a bordo de um paquete.
Os valores da Liberdade, da Igualdade e da Fraternidade questionados nas entranhas do navio onde o cruzeiro se desenrola, que não é outro senão, premonitoriamente(?), o Costa Concordia, naufragado meses depois da estreia do filme de Godard.
Desde então, à rotineira situação da Palestina juntou-se, surpreendentemente, o Egito. E depois, aos pouco, por motivos diferentes, a Europa, em torrente depressiva. A mesma Europa que no filme anda à deriva sob o slogan "La liberté coûte cher". A Europa multicultural representada até na banda sonora escolhida - que se consome entre os atentados de Oslo e as provações dos que tentam aportar às suas praia através do Mediterrâneo -, sem líder e sem timoneiro, como o navio sem Schettino, à mercê dos escolhos, à vista de terra, naufragando enfim sob o impávido e enganado olhar de quem se julga ao abrigo do naufrágio, por estar em solo firme, na praia de Giglio ou num gabinete climatizado em Berlim.
A Europa, toda a Europa, representada num filme que, depois de 2011, relança como nenhum outro a questão que titula este post: "Quo Vadis, Europa?". Quanto custa a tua liberdade, a tua igualdade, a tua fraternidade, nos tempos que correm, com os governantes que tens?
8 de julho de 2012
Parece que ficamos por aqui...
... e ainda ontem Florentino Ariza ia iniciar o seu vaivém rio acima e rio abaixo. E nenhum coração era demasiado frágil para sobreviver a cem anos de solidão ou a um amor em tempo de cólera. Ainda há pouco, sessenta anos à espera de um amor pareciam sensatos. Razoáveis até, graças a Gabriel Garcia Marquez. E desde então a literatura do realismo sul americano legou-nos a dimensão interminável do amor que algumas películas mexicanas retrataram. A utopia de mão dada com o realismo, do amor, da vida, da literatura. Ninguém viverá para "contarla",mas provavelmente não é preciso, pois não?
Um triste folhetim, este da suposta demência do Nobel. Que importa? Até Garcia Marquez é mortal e mesmo o vaivém da literatura, como o da vida tem um fim. Nesta fase da vida de Gabo, o seu Outono do Patriarca, mais do que discutir o estado do homem importa a obra no seu conjunto. Importa por isso que fiquemos por aqui no mais que extravase esse campo. Não é o fim, mas por agora e provavelmente para sempre, é tudo.
1 de junho de 2012
O esplendor do Relvas
Quase sempre vale a pena determo-nos nas suas crónicas, pela visibilidade que dá a temas pouco atendidos em regra, por parecerem insignificantes aos olhos do comum cidadão, mas imensamente importantes. Pela lucidez, pela ponderação, pela forma esclarecida e acutilante com que olha os temas sobre que discorre. Sem rodeios, normalmente com grande conteúdo ético, o que enriquece os temas focados nos seus artigos. Sem a cegueira da verdade absoluta ou sem atender apenas ao positivismo da lei, que tantas vezes não apresenta solução para os problemas (a lei é dos homens, mas nem sempre tem uma dimensão humana), Francisco Teixeira da Mota aborda, no Público de hoje, o tema Miguel Relvas e explica porque motivo foi contra a opinião de que devia ser apresentada queixa-crime contra o ministro pelas alegadas pressões deste sobre o jornal. Porque remeter o assunto aos tribunais levaria ao seu apagamento, uma vez que os seus intervenientes se veriam obrigados ao silêncio imposto por um segredo de justiça que irremediavelmente redundaria num arquivamento silencioso dentro de um ou dois anos. E deixa no ar uma inquietante questão que devia ser colocada ao próprio ministro: esconde o ministro algo, ou é assim mesmo a sua natureza?
Em qualquer dos casos, a resposta à questão é pouco tranquilizadora e um governante que não entendeu isto (porque não há esclarecimentos possíveis a dar que possam emendar a mão do ministro) deixou verdadeiramente de o ser. Continuará a ser ministro, mas desprovido do sentido ético indispensável para manter aquela qualidade. E isto, nunca é demais repeti-lo, é algo que afeta de igual forma a credibilidade de quem com ele se senta à mesa. Há demasiado tempo que suportamos políticos truculentos, que tratam os corredores dos gabinetes ministeriais como uma extensão do seu quintal e a res publica como um privilégio ou um interesse pessoal relativamente ao qual não têm de dar contas nem proceder com transparência, mantendo refens dessa pobreza de espírito milhões de portugueses. É este um dos principais motivos pelos quais Portugal definha como país e com ele as esperanças de gerações marcadas por oportunidades perdidas, porque a "oportunidades roubadas" soaria mal, e porque nos marca com a vergonha, pela resignação, pelo consentimento ditado pela ausência de reação.
Um Primeiro-Ministro sério e com autoridade transformaria o erro de Relvas num trunfo político e capitalizaria a imagem de uma rotura com o passado e uma esperança para o futuro. Pelo contrário, manter Relvas, ainda por cima na mesma pasta política, representa, mais do que uma oportunidade perdida, entregar o ouro ao bandido e assobiar para o lado como se nada se tivesse passado. Sabemos que Passos nada fará de diferente. É um produto de Relvas e sem este não existiria. Sabe-o bem e por isso a criatura não se virará contra o criador nem nunca despirá a vassalagem cultivada desde a "jotinha". E já nem falamos das perigosas ligações de Relvas a Silva Carvalho, afinal o verdadeiro cerne de toda esta questão...
28 de março de 2012
Cotovia
Que o amor não me engana
Mesmo quando não sei o que sinto
Dentro deste meu peito
Que te quer tanto
Que de noite e de dia
sonha contigo
sem dizer o quanto te quer.
Este amor que não me engana
que me culpa e inebria
transcende
e agonia
é, na essência,
leve
como o vôo
da cotovia
um vazio que me cobre todo.
Mesmo quando não sei o que sinto
Dentro deste meu peito
Que te quer tanto
Que de noite e de dia
sonha contigo
sem dizer o quanto te quer.
Este amor que não me engana
que me culpa e inebria
transcende
e agonia
é, na essência,
leve
como o vôo
da cotovia
um vazio que me cobre todo.
23 de março de 2012
21 de março de 2012
Bruckner: a maldição da nona sinfonia?
Não são raros os compositores que, diz-se, sucumbiram à "maldição da nona sinfonia" (Beethoven, Mahler, Dvorak e Schubert). Um deles é Anton Bruckner, sobre quem se diz que teria uma personalidade fraca, porque recheada de fracassos pessoais e profissionais. A sua vida terá sido uma renúncia permanente, fruto de uma educação austera, modesta e religiosa, que inevitavelmente se refletiram indelevelmente nas suas composições.
Seja como for, ao ouvir as suas nove sinfonias somos transportados para uma dimensão profundamente introspetiva, onde a melancolia se mistura com o êxtase e a tristeza com andamentos absolutamente empolgantes, onde por vezes nos parece que cavalgamos Wagner ou entramos num glorioso andamento da Eroica de Beethoven (refiro-me, neste caso, ao I andamento da nona sinfonia de Bruckner).
Ao que parece, as suas peças foram profundamente adulteradas ao longo dos tempos, fruto de uma falta de afirmação da própria personalidade de Bruckner. Seja como for, o que nos chegou é absolutamente sublime, comovente e grandioso. No que pode ter sido a única faceta de afirmação da personalidade do compositor, o resultado é incontornavelmente fantástico, ao mesmo tempo que instável e com flutuações pontuais de humor que retratam mais, a espaços, a felicidade (momentânea?) do homem, do que a do próprio compositor no que um possa ser dissociado do outro.
20 de março de 2012
TSF assinala entrada da Primavera com concerto gratuito de Igor Stravinsky
TSF assinala entrada da Primavera com concerto gratuito de Igor Stravinsky
A emissão da TSF dedicada ao concerto começa às 12.30h. O concerto foi tocado como ballet pela primeira vez em Paris há 99 anos e suscitou uma enorme vaia por parte do público.
A emissão da TSF dedicada ao concerto começa às 12.30h. O concerto foi tocado como ballet pela primeira vez em Paris há 99 anos e suscitou uma enorme vaia por parte do público.
16 de março de 2012
2 de março de 2012
9 de fevereiro de 2012
1 de fevereiro de 2012
How can we dance?
Brilha tranquila uma lágrima
que escorre no seu rosto
Delicada
oscila filtrando sentimentos contidos
nos instantes mudos da vida
Chegam-me ecos
do pulsar distante do teu coração
que acolho num abraço apertado.
Mas ocorre-me:
How can we dance if we cannot walz?
que escorre no seu rosto
Delicada
oscila filtrando sentimentos contidos
nos instantes mudos da vida
Chegam-me ecos
do pulsar distante do teu coração
que acolho num abraço apertado.
Mas ocorre-me:
How can we dance if we cannot walz?
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