Há pouco mais de um ano escrevíamos neste blog sobre "Filme Socialismo" de Jean-Luc Godard, poucas semanas após o seu lançamento entre nós. Sobre a metáfora da Europa ali representada por varias famílias de línguas diversas, à deriva por locais icónicos (irónicos?) como o Egito, a Palestina, Odessa, ou a Grécia, num luxuoso cruzeiro a bordo de um paquete.
Os valores da Liberdade, da Igualdade e da Fraternidade questionados nas entranhas do navio onde o cruzeiro se desenrola, que não é outro senão, premonitoriamente(?), o Costa Concordia, naufragado meses depois da estreia do filme de Godard.
Desde então, à rotineira situação da Palestina juntou-se, surpreendentemente, o Egito. E depois, aos pouco, por motivos diferentes, a Europa, em torrente depressiva. A mesma Europa que no filme anda à deriva sob o slogan "La liberté coûte cher". A Europa multicultural representada até na banda sonora escolhida - que se consome entre os atentados de Oslo e as provações dos que tentam aportar às suas praia através do Mediterrâneo -, sem líder e sem timoneiro, como o navio sem Schettino, à mercê dos escolhos, à vista de terra, naufragando enfim sob o impávido e enganado olhar de quem se julga ao abrigo do naufrágio, por estar em solo firme, na praia de Giglio ou num gabinete climatizado em Berlim.
A Europa, toda a Europa, representada num filme que, depois de 2011, relança como nenhum outro a questão que titula este post: "Quo Vadis, Europa?". Quanto custa a tua liberdade, a tua igualdade, a tua fraternidade, nos tempos que correm, com os governantes que tens?
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