Não são raros os compositores que, diz-se, sucumbiram à "maldição da nona sinfonia" (Beethoven, Mahler, Dvorak e Schubert). Um deles é Anton Bruckner, sobre quem se diz que teria uma personalidade fraca, porque recheada de fracassos pessoais e profissionais. A sua vida terá sido uma renúncia permanente, fruto de uma educação austera, modesta e religiosa, que inevitavelmente se refletiram indelevelmente nas suas composições.
Seja como for, ao ouvir as suas nove sinfonias somos transportados para uma dimensão profundamente introspetiva, onde a melancolia se mistura com o êxtase e a tristeza com andamentos absolutamente empolgantes, onde por vezes nos parece que cavalgamos Wagner ou entramos num glorioso andamento da Eroica de Beethoven (refiro-me, neste caso, ao I andamento da nona sinfonia de Bruckner).
Ao que parece, as suas peças foram profundamente adulteradas ao longo dos tempos, fruto de uma falta de afirmação da própria personalidade de Bruckner. Seja como for, o que nos chegou é absolutamente sublime, comovente e grandioso. No que pode ter sido a única faceta de afirmação da personalidade do compositor, o resultado é incontornavelmente fantástico, ao mesmo tempo que instável e com flutuações pontuais de humor que retratam mais, a espaços, a felicidade (momentânea?) do homem, do que a do próprio compositor no que um possa ser dissociado do outro.
Sem comentários:
Enviar um comentário