14 de julho de 2010
A copa do mundo é nossa!
1 de junho de 2010
Uma outra forma de dizer adeus
Zé Luis: começámos esta tua última viagem (tu gostavas de viagens) na cama 56 dos serviços de cirurgia 1 do Hospital de Santa Maria. Lia-te poesia e um dia parámos neste poema da Sophia de Mello Breyner:
”Apesar das ruínas e da morte,
Onde sempre acabou cada ilusão,
A Força dos teus sonhos é tão forte,
Que tudo renasce a exaltação
E nunca as minhas mãos ficam vazias”.
Foste intolerável com a corrupção, com os cobardes e oportunistas. Não suportavas facilidades. Resististe à sordidez, à subserviência, à canalhice disfarçada de respeitabilidade e morreste como sempre viveste - livre.
Uma palavra para aqueles que te acompanharam nesta última viagem: para os melhores médicos do mundo, para as melhores equipas de enfermagem e de apoio, num exemplo de inexcedível dedicação ao serviço médico público. Vivi com emoção diária o carinho com que te cuidaram. Uma palavra de gratidão sentida para o Professor Luis Costa e para o Paulo Costa. E para um velho amigo de sempre o Miguel. Também para Laura e para o Jorge e para a minha mãe e toda a família que nunca te deixou.
Por fim uma palavra para aqueles amigos que inventaram uma barricada contra a morte no serviço de cirurgia 1, cama 56, e te ajudaram a escrever, a pensar, a continuar a trabalhar: o João Gama, o João Pereira e senhor Albuquerque, cada um à sua maneira.
Provavelmente uma saudade ridícula, perante a força do exemplo e da obra que nos deixaste e me foi trazido por todos aqueles que te homenagearam – a quem deixo a tua eterna gratidão. Tenham a coragem de continuar.
1 de abril de 2010
Este blog
29 de março de 2010
Caminhos cruzados
Jizz - aves
Caio em mim
o comum da crise
a solidão o vento leve
o poço e o céu.
De relance reconheço-te
a tua mensagem cheia de sol
longe da terra ave da peste.
levo ainda cópias do teu voo
foge do olhar frio
o céu é teu.
primavera primavera
insurge-te.
Piotr Tchaikovsky, IV Sinfonia, I andamento
22 de março de 2010
A campanha Sussex Safer Roads vem conhecendo um sucesso enorme, em grande parte devido à mediatização do vídeo acima, que já foi visualizado por James Cameron, Bill Gates ou a própria rainha de Inlglaterra. Visite o site da campanha para saber mais.
4 de março de 2010
The Comedians, de Peter Glenville, 1967
(todo o filme disponível no You Tube)
Viens, voir les comédiens,
Voir les musiciens,
Voir les magiciens,
Qui arrivent
Viens, voir les comédiens,
Voir les musiciens,
Voir les magiciens,
Qui arrivent
Les comédiens
Ont installé leur tréteau
Ils ont dressé leur estrade
Et tendu des calicots
Les comédiens
Ont parcouru les faubourgs
Ils ont donné la parade
A grands renforts de tambours
Devant l'église,
Une roulotte peinte en vert
Avec les chaises
D'un theâtre à ciel ouvert
Et derrière eux
Comme un cortège en folie
Ils drainent tout le pays
Les comédiens
Viens, voir les comédiens,
Voir les musiciens,
Voir les magiciens,
Qui arrivent
Viens, voir les comédiens,
Voir les musiciens,
Voir les magiciens,
Qui arrivent
Si vous voulez
Voir confondu le coquin
Dans une histoire un peu triste
Où tout s'arrange à la fin
Si vous aimez
Voir comblés les amoureux
Vous lamenter sur Baptiste
Ou rire avec les heureux
Poussez la toile
Et entrez donc vous installer
Sous les étoiles
Le rideau va se lever
Quand les trois coups
Retentiront dans la nuit
Ils vont renaître à la vie
Les comédiens
Viens, voir les comédiens,
Voir les musiciens,
Voir les magiciens,
Qui arrivent
Viens, voir les comédiens,
Voir les musiciens,
Voir les magiciens,
Qui arrivent
Les comédiens
Ont démonté leur tréteau
Ils ont ??? leur estrade
Et plié leurs calicots
Ils laisseront
Au fond du coeur de chacun
Un peu de la sérénade
Et du bonheur d'Harlequin
Demain matin
Quand le soleil va se lever
Ils seront loin
Et nous croirons avoir rêvé
Mais pour l'instant
Ils traversent dans la nuit
D'autres villages endormis
Les comédiens
Viens, voir les comédiens,
Voir les musiciens,
Voir les magiciens,
Qui arrivent
Viens, voir les comédiens,
Voir les musiciens,
Voir les magiciens,
Qui arrivent
Viens, voir les comédiens,
Voir les musiciens,
Voir les magiciens,
Qui arrivent
Viens, voir les comédiens,
Voir les musiciens,
Voir les magiciens,
Qui arrivent
Viens, voir les comédiens,
Voir les musiciens
Prefácio de um: conto climático ou em todo o caso nada parecido com isso, ou apenas o primeiro poema com uma nota de rodapé do autor
22 de fevereiro de 2010

.
13 de fevereiro de 2010
10 de fevereiro de 2010
7 de fevereiro de 2010
Edificação (II)
que te leva o sabor
das minhas palavras
transcritas da boca para o papel
Ignora o tom agreste
Recompõe-te
imagina-me apenas sentado
não agressivo
a escrever enquanto penso
num recanto inacessível do teu corpo
num sussurro
apagado
do teu coração
Imagina
uma janela
debruçada sobre o mar
liso, brilhante
de um azul monótono
igual a tantas histórias
Imagina o meu coração
a descoberto
aberto
no ponto em que secou
em que as palavras secaram
o gesto murchou
e os lábios cerraram
Recorda o rumor do vento
e nele a minha alma
a minha alma
até ao infinito
à nocturna nudez
das malditas palavras
não-ditas
.
5 de fevereiro de 2010
Edificação
em verso e não em prosa
sem recorrer à Razão
a história daquele Homem
e daquela Mulher
Da sua indecifrável ferida
do ocaso do amor
das sombras de Rimbaud
do coração
da doçura perdidas
do desespero
sem solução
Do abismo
dos corpos
sem cor
Sem nenhuma cor
Em agitação.
Mas hoje
hoje não há segredos a desvendar.
[A Maria, a Sebastião]
4 de fevereiro de 2010
2 de fevereiro de 2010
Overdose nómada
da cor da luz
ou do mel
ou antes do lume
que arde na tua ausência
hoje pintar-te-ia o rosto
com a luminosidade do amanhecer
com o gesto leve da asa
de uma ave que se eleva
do ramo da oliveira
hoje repintaria as violetas
que me prendem à terra
e o meu canto nómada calar-se-ia
como o silêncio de um pássaro
no fim da migração
hoje o albatroz
dobraria
definitivamente as suas asas
e interromperia a sua navegação
contemplando o teu rosto delicado
de menina