2 de novembro de 2018

Uma nesga de rio

O dia acaba
com uma nesga de sol
filtrada por um vidro de janela
A pouca luz
enrola-se na noite
que abraça a terra
e o dia expira no eco longínquo
de um lento pulsar

Para a minha alma
apenas queria uma noite assim
encoberta pela névoa
flutuando sobre o rio
uma barcaça de cordas e madeiras
sem barqueiro
singrando rio abaixo
pela eternidade

Olho os vultos na margem
estátuas em cada lugar
Testemunhas imóveis
da história destas águas
Aguas
correndo, percorrendo
Vidas sem fim
vielas
onde se cumpriu
o que se cumpriu

Na alvorada,
o Sol brilha
beija a fonte, a erva fresca
o orvalho transparente adormece
um sorriso em murmúrio
sobe-me à cabeça
eu próprio
Adormeço


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