11 de maio de 2011

À pesca das consciências


Li há dias, com interesse, que no dia da Europa, Maria Damanaki, a comissária grega da UE que lidera a pasta das pescas propôs que os pescadores desempregados europeus se dediquem a uma pesca diferente: a do plástico e outros resíduos no Mar Mediterrâneo. Um estudo franco-belga indica que há mais de 500.000 toneladas de plástico e outros resíduos à deriva no Mediterrâneo, o berço da civilização europeia e o modo de vida de tantas pessoas de um e outro lado da sua bacia. Que esses resíduos, alem de perigosos para a bio-diversidade, possuem ainda um relativamente elevado valor económico, conforme interesse já demonstrado por diversas empresas alemãs, francesas e espanholas.

Paralelamente resolve-se, ainda que parcialmente, a questão do desemprego no seio das frotas da UE.

Estava a pensar nisto quando me vieram à memória as imagens das redes do campo de refugiados de Melilla, alguns dos quais podem ser parte desses destroços, naufragados na tentativa de chegar a bom porto nas costas da Europa. E pior: que pensarão os pescadores europeus quando, nos seus aparelhos, pescarem das águas os despojos, o calçado, a roupa, os parcos haveres daquelas seis dezenas de refugiados africanos que há pouco tempo o "The Guardian" informava que andaram à deriva durante dezasseis dias perto das costas europeias e que a NATO ignorou e deixou morrer de fome e de sede?

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