15 de abril de 2009

A Sul de Melilla


I can still hear their voice miles and years away from the camp. Their voices sounded like whispering chords recorded in the middle of the southern desert, like small particles of sand blowed by the winds impacting millenar desert rocks.
Por vezes ainda acordo com um tremor, uma gota de suor escorrendo-me pela testa, enquanto me esforço por apagar o olhar de cada uma das crianças que vi através da rede do campo de refugiados. Nunca o disse a ninguém, porque sei que não me acreditariam, apesar de ser notícia todos os dias. Mas é demasiado pesado, demasiado indescritível para poder ser (ir)real.
Et pourtant, je sais qu' ils son reéls, je leur ai touché de ma main, de ma peau; ils me suivent partout avec l' esprit du desert, comme si je suis son ambassadeur et ils esperent que je produirai les efforts essentiels que leur permetront de vivre, même s´ils sont parfois deja morts.
Olho para o outro lado da vedação e revejo a mesma esperança d' "Os Comediantes" de Greene, unidos numa noite tão negra que seria impossível escurecê-la ainda mais. Aqui não há nenhum Medea a bordo do qual os personagens possam aspirar escapar do inferno; na realidade, o mar constituiu em muitos dos casos uma ponte e simultaneamente um sepulcro onde ficaram sepultadas as suas esperanças ou as suas famílias. Falta-lhes, talvez, um escritor que se predisponha e centrá-los num "booker" ou num "nobel" que lhes coloque o nome na lombada de um livro que chame a atenção do mundo para o seu dilema.

2 comentários:

CCF disse...

Se soubesse e pudesse, escrevia esse livro. Claro que sem Nobel por perto, só para falar dessa terrível história.
~CC~

E. disse...

Qual é a dúvida em relação ao facto que a saberias sem margem para dúvidas escrever?