24 de fevereiro de 2010
22 de fevereiro de 2010
pego-lhe mão
e nos segredos que revela
morreria de aflição
se
adivinhando o que lhe vai no coração
descobrisse que para além da razão...
.
[DELETE POEM]
.
.
Os primeiros minutos deste post foram, por assim dizer, desastrosos. A palavra amor ocorreu-me vinte vezes. As palavras saudade, rugas e futuro, dezasseis. Por oito vezes, pelo menos, pensei em utilizar a palavra quarenta e em pelo menos dez ocasiões a palavra poema surgiu-me esvaziada de qualquer conteúdo significativo. O certo é que verso e estrofe nunca me ocorreram, nem a palavra rima. Já a palavra Timbuctu, África e Elyne Road surgiram-me um número incontável de vezes. Assim como salinas e açoteia. Para sempre surgiu uma vez apenas, quando me lembrei do final de O Amor no Tempo da Cólera, sem que me tivesse passado pela cabeça qualquer concepção ou estimativa de tempo que lhe pudesse estar associado. Estranhamente, Madeira apenas me ocorreu uma vez, sms noutra e depois, também numa única vez, Alberto Caeiro, mas seguramente a propósito de nada. E assim o poema - sendo em todo o caso discutível que se lhe possa chamar poema - finalmente surgiu, fluído e isento de qualquer racionalidade, em estado puro:
.
Ouve
a minha voz
um solilóquio monótono
venerando as virtudes da escrita
e a beleza da tua alma
Vê
na manhã (im)perfeita
o meu rosto reflectido
no orvalho matinal da estrada
a caminho de lado algum
Toca-me
Cheira-me
Os teus sentidos confundidos nos meus
as minhas mãos entrelaçadas
nas tuas
o tempo
sincronizado com o toque
das tuas impressões digitais
na minha pele húmida.
.
(continua aqui)
.
Imagem: Red Riders, Carlo Borlenghi, para Alinghi
13 de fevereiro de 2010
10 de fevereiro de 2010
7 de fevereiro de 2010
Edificação (II)
no correio
que te leva o sabor
das minhas palavras
transcritas da boca para o papel
Ignora o tom agreste
Recompõe-te
imagina-me apenas sentado
não agressivo
a escrever enquanto penso
num recanto inacessível do teu corpo
num sussurro
apagado
do teu coração
Imagina
uma janela
debruçada sobre o mar
liso, brilhante
de um azul monótono
igual a tantas histórias
que te leva o sabor
das minhas palavras
transcritas da boca para o papel
Ignora o tom agreste
Recompõe-te
imagina-me apenas sentado
não agressivo
a escrever enquanto penso
num recanto inacessível do teu corpo
num sussurro
apagado
do teu coração
Imagina
uma janela
debruçada sobre o mar
liso, brilhante
de um azul monótono
igual a tantas histórias
e pinturas tão simples
Imagina o meu coração
a descoberto
aberto
no ponto em que secou
em que as palavras secaram
o gesto murchou
e os lábios cerraram
Recorda o rumor do vento
e nele a minha alma
a minha alma
até ao infinito
à nocturna nudez
das malditas palavras
não-ditas
.
Imagina o meu coração
a descoberto
aberto
no ponto em que secou
em que as palavras secaram
o gesto murchou
e os lábios cerraram
Recorda o rumor do vento
e nele a minha alma
a minha alma
até ao infinito
à nocturna nudez
das malditas palavras
não-ditas
.
.
Imagem: Vertical Limit, por Carlo Borlenghi, para Alinghi
5 de fevereiro de 2010
Edificação
Talvez pudesse escrever
em verso e não em prosa
sem recorrer à Razão
a história daquele Homem
e daquela Mulher
Da sua indecifrável ferida
do ocaso do amor
das sombras de Rimbaud
do coração
da doçura perdidas
do desespero
sem solução
Do abismo
dos corpos
sem cor
Sem nenhuma cor
Em agitação.
[A Maria, a Sebastião]
em verso e não em prosa
sem recorrer à Razão
a história daquele Homem
e daquela Mulher
Da sua indecifrável ferida
do ocaso do amor
das sombras de Rimbaud
do coração
da doçura perdidas
do desespero
sem solução
Do abismo
dos corpos
sem cor
Sem nenhuma cor
Em agitação.
Mas hoje
hoje não há segredos a desvendar.
[A Maria, a Sebastião]
4 de fevereiro de 2010
2 de fevereiro de 2010
Overdose nómada
hoje pintar-te-ia os lábios
da cor da luz
ou do mel
ou antes do lume
que arde na tua ausência
hoje pintar-te-ia o rosto
com a luminosidade do amanhecer
com o gesto leve da asa
de uma ave que se eleva
do ramo da oliveira
hoje repintaria as violetas
que me prendem à terra
e o meu canto nómada calar-se-ia
como o silêncio de um pássaro
no fim da migração
hoje o albatroz
dobraria
definitivamente as suas asas
e interromperia a sua navegação
contemplando o teu rosto delicado
de menina
da cor da luz
ou do mel
ou antes do lume
que arde na tua ausência
hoje pintar-te-ia o rosto
com a luminosidade do amanhecer
com o gesto leve da asa
de uma ave que se eleva
do ramo da oliveira
hoje repintaria as violetas
que me prendem à terra
e o meu canto nómada calar-se-ia
como o silêncio de um pássaro
no fim da migração
hoje o albatroz
dobraria
definitivamente as suas asas
e interromperia a sua navegação
contemplando o teu rosto delicado
de menina
1 de fevereiro de 2010
Poema Al Berto
Tricotar reticências
como quem acende uma fogueira
longe... do mundo
antes da chegada dos sonhos
quando se olha o mar sem se pensar
tricotar reticências...
dormindo
num movimento desordenado
exausto
de corpos desorientados
e mãos estendidas
Um rebanho de gente fascinada
por um místico
monólogo
estou
Al
alucinado
[Al]
pendurado
Acordo em
A[l]-
berto
sobres-
salto
na madrugada
lírios extemporâneos
como quem acende uma fogueira
longe... do mundo
antes da chegada dos sonhos
quando se olha o mar sem se pensar
tricotar reticências...
dormindo
num movimento desordenado
exausto
de corpos desorientados
e mãos estendidas
Um rebanho de gente fascinada
por um místico
monólogo
estou
Al
alucinado
[Al]
pendurado
Acordo em
A[l]-
berto
sobres-
salto
na madrugada
lírios extemporâneos
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