21 de agosto de 2008

Marginal


[um deslize entre capítulos]

Dizia-te do rumorejar constante
das vagas batendo na areia
enquanto me perguntavas pelo amor
na ânsia de classificares
cada gesto meu
sem perceberes
que um e outro
são indiferentemente a mesma coisa
como olhar repetidamente para as manchas de um plátano
a amarelecer no outono
ou o maquinal deslizar do eléctrico amarelo
pelos carris molhados da marginal
até Algés
com o olhar preso nos teus joelhos.

Consciencializo por fim:
enquanto categorizavas assertivamente
o amor
envenenando a tua própria alma,
tricotando reticências e sombras
numa fria dansa de palavras
cores e odores
tocando em surdina
retalhos traçados
ao compasso de uma valsa,
morreste silenciosamente
na tragédia de não saberes
que morrias quando me matavas.
[esboço para composição de fado a acompanhar por kora]

9 comentários:

Anónimo disse...
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E. disse...
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vira latas disse...
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Anónimo disse...
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