13 de agosto de 2008

Álbum de Ricardo Ribeiro com Abou-Khalil considerado um dos dez melhores do mundo

O álbum gravado em conjunto pelo fadista Ricardo Ribeiro e pelo libanês Rabih Abou-Khalil, com o título "Em Português", foi considerado um dos dez melhores do mundo (top of the world) na categoria world music, pela revista britânica especialista no género, Songlines (a lista inclui ainda outro álbum em língua porutuguesa, do brasileiro Seu Jorge, intitulado America Brasil). Recorde-se que há dias Ricardo e Abou-Khalil interpretaram músicas do album num concerto em Lisboa, no CCB. Editado pela Enja Records, "Em Português" conjuga a música do libanês com poemas originais de José Luís Gordo, Mário Raínho, Rui Manuel, António Rocha e Tiago Torres da Silva.

A Songlines diz, acerca de Ricardo Ribeiro, que é uma rising star of fado, referindo sobre o estilo musical do álbum que
this isn’t fado music, or remotely Portuguese in character, although Ribeiro’s rich, distinctive voice and the beauty of the poetry leave us in no doubt as to where its heart lies. Abou-Khalil’s music is rarely Arabic in any traditional sense, but through these songs he has clearly found common ground between the melancholic passion of Andalusian muwashshahat and Portuguese saudade, the wistful longing that suffuses fado. The instrumental accompaniment of oud, accordion, bass and percussion subtly weave around the voice and, for such a small ensemble, provide a remarkably broad palette of colours. The lyrics have been specially written by contemporary Portuguese writers, with the exception of ‘Casa da Mariquinhas’, a verse made famous by Alfredo Marceneiro.
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Já o diário britânico The Guardian refere, acerca de "Em Português" que Abou-Khalil is one of those magicians who can always pull something out of the hat. His rhythmic sensibilities support Ribeiro with a propulsion that wraps fado's sensibilities around a robust spine. It's acoustic, but the backline of US drummer Jarrod Cagwin and French tuba phenomenon Michel Godard (also on bass and serpent) gives some numbers a Led Zeppelin twist - a kind of heavy precious metal. Abou-Khalil's settings have a spirited tunefulness and a Moorish, Mediterranean flavour that recalls Radio Tarifa.
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Aqui, uma entrevista de Luís Rei a Abou-Khalil, onde este além de estabelecer um paralelo curioso entre Portugal e o Líbano, revela que neste país existe um sentimento muito semelhante à nossa saudade, que ali chamam taraab. Algo que é intraduzível porquanto tem de ser sentido. Já relativamente ao álbum e à mistura de culturas, afirma que relativamente aos músicos com quem tenho trabalhado, muitas vezes as pessoas podem dizer que é interessante o diálogo entre o piano e o alaúde, que é interessante como o fado interage com a música árabe. Não. É o Ricardo que interage com a minha música. É o Joachim que trabalha comigo. Não é uma questão de misturar culturas. Nós temos de ter portas entre as paredes que existem sempre entre as culturas. Não temos de saltar o muro, não podemos ficar em ambos os lados, mas há sempre portas pelas quais entramos. Pessoas como o Joachim e o Ricardo são portas para outras culturas. Podemo-nos encontrar sem partir muros, todos mantém a sua cultura original e encontramos coisas novas para dizer. [...] Se quiseres trabalhar com um projecto destes não podes pensar em termos regionais, não podes ter uma ideia e tentar concretizá-la. É a pessoa que oiço, que conheço, que me dá a ideia para novos projectos. Se me perguntares o que me atrai mais, digo-te que são músicos muito enraizados na sua tradição musical. Não quero quebrar a sua tradição. Quero trabalhar com eles tal como trabalho com a minha música, com a minha cultura árabe. Mas há-que esquecer isso, porque isso já existe.
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Para terminar, sugere-se uma visita à lista de trabalhos publicados por Abou-Khalil pela Enja Records, sendo que alguns dos trabalhos dos álbuns Songs for a Sad Woman, Journey to The Center of an Egg, Visions of Music, entre outros, podem ser ouvidos no My Space do autor. O libanês e Ricardo Ribeiro voltam a encontrar-se em 31 de Outubro, num recital nas Caldas da Rainha.

1 comentário:

CCF disse...

Irei procurar!
~CC~