Gotthard Graubner, sem título Agora pintura e a obra do alemão Gotthard Graubner (Erlbach, Alemanha, 1930-). Graubner é um antigo violinista, praticante desde a mais tenra infância. Essa influência leva-o por vezes a dar títulos musicais às suas obras. A originalidade na pintura de Graubner está na cor, que nas suas telas não é meramente simbólica, nem se limita à mistura aleatória ou significativa de cromatismos. Graubner utiliza a cor como elemento suficiente e bastante da obra, posto que o tema de cada um dos seus quadros é a cor em si mesma e esta não está dependente de nenhum elemento figurativo, é o tema central da pintura.
O ex-violinista parte deste raciocínio para exemplificar o que alguns músicos fazem igualmente, quando renunciam ao simbolismo das obras que interpretam. É o caso de Viktor Làszlò (v. post abaixo), o pintor, fotógrafo e compositor húngaro, que se centra no essencial do tema que intepreta, tornando-o, no limite, meramente acessório.
A escola alemã fala por vezes de "timbre" a propósito da pintura, da intensidade, da tonalidade, ou da própria cor da tinta. Graubner parte do oposto, como que busca a tonalidade certa para cada acórdão da música que ouve enquanto pinta. De certa forma, é um trajecto inverso ao normal, que visa encontrar a cor do seu próprio sistema harmónico enquanto busca ilustrar reacções à música que escuta quando pinta. Se se quiser, vive de passar para a tela as percepções pessoais e os sentimentos que os acordes musicais lhe despertam. Tout court.
Faça-se o que se fizer - diz Graubner - quando se fala de arte, o essencial é respirar ao mesmo ritmo da obra, seja esta de que tipo for. A diferença entre o bom praticante e o génio estará na simplificação da obra por forma a que permita ao seu espectador apreender facilmente o seu conteúdo, a sua alma, não a contemplando como um mero exercício de estilo.
(extracto de um encontro do pintor com Anne-Sophie Mutter, descrito pelo próprio na primeira pessoa)