19 de fevereiro de 2011

Music for a sad woman


Tu as un rêve

Je sais que tu as un rêve

Je connais ton rêve

Je veux supporter ton rêve

Etre un pilier

Ton rêve est mon rêve

Je suis toi

Tu es moi

8 de fevereiro de 2011

Rock the Kasbah

Nestes dias de instabilidade no Oriente mais vizinho, ocorre-nos evocar Rachid Taha, o franco- argelino cuja música consiste numa fusão entre diversos géneros musicais, como o rock, techno, ou Indie com o Rai. Com excepção de alguns temas, todo o seu trabalho é cantado em árabe, num dialecto argelino. É conhecido também pelo som único que transmite com o "mandolute", uma espécie de oud, que junta a instrumentos musicais eléctricos e electrónicos. No video abaixo, Taha reedita "Rock the Kasbah", dos Clash, lançado em 1982, integrado no álbum Combat Rock. O punk interventivo e resistente dos anos 80, neste caso denunciando o esforço de controlo das massas pela força das armas por parte dos ditadores, é vencido pelo rock 'n roll, proibido nas kasbah.
Nestes dias, ao olharmos para os cristãos coptas, de mãos dadas com os seus irmãos muçulmanos na Praça Tarhir, empunhando cartazes exigindo a demissão de Mubarak, em frente aos blindados do exército egípcio e em violação do recolher obrigatório, faz todo o sentido substituir, ainda que apenas provisoriamente, o hino egípcio e a chamada para a oração pelos acordes da banda britânica nos altifalantes dos minaretes e ruas do Cairo. E atentar no que se passa no mundo árabe, que por ora desperta para algo de diferente, incerto e não necessariamente melhor, mas seguramente um rejeição do status quo vigente. E observar ainda, traço comum entre todas elas, o patético esforço da manutenção das ditaduras à beira do fim. Mubarak, em tempos o homem de confiança do nobelizado Anwar El Sadat, não precisava de dançar o rock das kasbah, se tivesse percebido que o tempo dos faraós há muito terminou nas areias do Egipto. Porventura mais para ocidente, quem é o senhor que se segue, nas amenas costas do Mediterrâneo?

7 de fevereiro de 2011

O mar (mas podia ser "O Norte" apenas para variar)


Quando fazemos quarenta anos e sempre vivemos ao pé do mar, acabamos, provavelmente por um inevitável processo de osmose, de fazer parte dele, ou ele parte de nós. Periodicamente, damos-nos conta que voltamos a ele e que grande parte da nossa existência depende dele, ou subsiste em função dele. Quando isso sucede, tomamos consciência de que estamos a aprender a lidar com as adversidades da vida, como se estas pudessem ter comparação com as ondas que batem regularmente na costa e a moldam, como sucede com a nossa personalidade perante a adversidade.

Da mesma forma, o amor, que é algo altamente sobrevalorizado nos tempos que correm: o medo da não aceitação, a apreensão de que esse medo seja infundado e finalmente a vaga possibilidade, admitida somente a espaços, de que o outro esteja connosco por amor... Mas ao que importa, como a adversidade e as ondas, também o amor, porque se pode manifestar de uma ou outra forma, molda a personalidade, como o vento a rocha. Há tempos lia uma tradução de Smila, do dinamarquês Peter Hoet. Profusamente cheio de gelo, de extensões imensas e geladas de afectos, que contudo se fundiam numa teia calorosa de sentimentos complexos, por vezes, ao longo do livro retive a sensação de (in)dependência que a personagem principal, uma mulher, revelava em relação ao amor, a compartimentação que dele evidenciava. Em cada capítulo, a mulher mergulhava um pouco mais numa profunda camada de gelo glaciar, ao mesmo tempo que a narrativa caminhava para o norte gelado, algures ao largo da costa da Gronelândia. Ao longo do romance chegamos a sentir-nos próximos de alguém que a dada altura, por acaso, se interroga, quase cientificamente, sobre o significado do amor, como se questiona acerca da forma hexagonal de um cristal de gelo.

A paixão como uma demência, um estado de demência que aproxima a pessoa do suicídio, mas igualmente do ódio, do ressentimento... Por vezes, à beira-mar lembro-me das vezes (serão lendas?) em que me apaixonei, ou em que julgo que me apaixonei. A espaços irregulares, julgo que posso ter apenas tropeçado e batido com a cabeça num degrau, mas em nenhuma circunstância o sentimento me parece real. Quase subtilmente, mas depois profundamente, apercebo-me que o amor pode ser algo tão exacto como a matemática: nem sempre sabemos do que estamos a falar e nem sempre sabemos se o que estamos a dizer, ou que nos estão a dizer, é verdadeiro ou é falso. E descobrir isso, em bom rigor, tem pouca importância para a maior parte dos mortais, para quem o amor é verdadeiramente importante. Pelo contrário, é extremamente importante para uma pessoa que se apaixonou pela frívola ideia de um amor romântico e pela imatura idade de ser amada.

Verifico que perdi o fio ao raciocínio original. Não que o tenha verdadeiramente perdido, mas simplesmente não fui capaz de o desenvolver sob outra forma que não ideias dispersas. E assim, o mar que eu projectara pintar saiu revolto e desencontrado, inacabado. É assim, também, por vezes,o amor, o amor que resulta do (des)encontro de pelo menos duas vontades, expressas em torrentes de incontroláveis palavras:

Estamos hoje na véspera de Natal
O gelo, darling,
Acumula-se no passeio silencioso
Observo o realismo do branco
Refletido na tua pele morena
E tenho a certeza que não pertences aqui
Flutuas apenas.
Quando tento despedir-me,
não há pegadas tuas na neve
Apenas cavidades minúsculas
Onde os teus olhos verteram
Lágrimas quentes.
Amanhã, depois do nascer do sol
o teu rosto não estará deste lado do mar.



Obrigado Liedson


Como deixar passar em claro estes quase oito anos de Levezinho, de tantas alegrias? Noutro sentido, evidentemente, também poesia.

15 de dezembro de 2010

Sobre se: há bons pianistas a Sul?

Não. Quer dizer, não necessariamente, ou não sei sequer responder. A pergunta não tem de ser propriamente dirigida, mas a falta de direção tem um impacto semelhante a uma seta, daquelas que se fazem nos cadernos, a trespassar corações estilizados nas páginas centrais, para amaciar o tempo monótono das aulas enquanto se é adolescente à espera do tempo da liberdade do recreio. Eu não sei responder, claro. Nem percebo nada de pianos, nem de pianistas. Nem de música. Quer dizer, gosto de música, mas a pergunta não tem (ou tinha?), ao que eu percebi, nada que ver com a música. Era uma forma como outra de entabular conversa, como se se começasse por perguntar se as obras lá fora, na avenida, que se arrastavam, ainda demorariam muito tempo a terminar. Mas fiquei a pensar. Se hás bons pianistas a Sul. O que é um pianista? O que é um bom pianista? O que é ser bom? O que é o meu bom? E o teu bom? Eu sei que hoje não será o melhor dia para responder a isto, não por uma questão de auto-estima, mas sobretudo porque há imenso tempo que não oiço piano. O filho do vizinho que toca piano não conta. Toca piano horas a fio. Os acordes e escalas que oiço à saciedade sempre que vou despejar o lixo, passear o cão, fazer a minha sessão de jogging matinal, nada disso conta, é como som ambiente, como o sopro do vento no plátano do jardim que atravesso. É música, não questiono se boa ou má, está ali, é um dado adquirido. Percebo contudo que se deixasse de a ouvir seria uma perda. Logo é boa. Não sei se o filho do vizinho é um grande pianista, mas sei que as minhas idas ao lixo, a passear o cão, a fazer jogging não seriam a mesma coisa. Mas depois: há os momentos em que encontro o pai à esquina. Falamos. Por vezes sobre nada, prometemos que havemos de sair a correr juntos, mas ambos sabemos que nunca acontecerá. Sei que há que tempos que penso em praticar mais piano. É como a poesia, gosto de compor, para além de ler, mas sei que nunca nada será bom, ou pelo menos suficientemente bom. Sem qualquer falsa modéstia. É como se o que faço fosse apenas meu e não conseguisse tornar a criação, ainda que ligeiramente, unversal, ou pelo menos aceitável ao nível do meu bairro. Suponho que um bom pianista consegue ser universal. Eis uma resposta que me parece correcta. A universalidade é algo de importante para se aquilatar da bondade de alguém. Não o universalismo, sim a universalidade.
Um piano é universal. É algo que não pode deixar de ser universal. Mesmo quando se tentam trazer novos instrumentos para o firmamento dos instrumentos de música clássica, o piano, sabemo-lo, estará lá para sempre. A cabeça de um pianista tem de ser universal. E os dedos? As mãos? O talento?
Sei hoje que bom é aquilo que nos provoca um espasmo, um choque, que mexe connosco e nos faz procurar sermos melhores. Aquilo que em Kant se chamava "o sublime", que mais não é que a beleza, o belo, aquilo que nos comove culturalmente. Acho que é isso, a emoção é a base da criação. O bom é aquilo que nos comove
E por fim, o Sul. Há tempos conheci um afinador de pianos. Não os arranjava, apenas os afinava, de forma meticulosa. Vinha num dia de chuva, depois num dia de sol, de noite, de manhã, ao pôr-do sol. Experimentava uma sequência criteriosa de notas, sempre as mesmas. Era de uma terra no interior, nunca hava estudado, mas um dia descobrirara que tinha uma enorme sensibilidade auditiva. Não tinha um grande talento musical, mas os acordeonistas das redondezas não sabiam passar sem o seu ouvido. Era talentoso, portanto. Dos acordeãos ao piano foi um passo. Era um verdadeiro talento. Um dia propuseram-lhe um trabalho na capital, mas a Maria não queria abandonar a terra. Os animais. As vizinhas. E foi ficando. Era talentoso. Sabia tocar piano, aprendeu de ouvido peças populares, não fora a falta de mobilidade da mão esquerda e dir-se-ia que teria ido longe. Mas nem como afinador. Conheceu grandes pianistas, mas se lhe perguntassem o nome, não se lembraria de nenhum. Estrangeiros, cabelo grisalho, aprumado, de hotel ou de sala de concertos. O bom pianista, dizia, era aquele que tocava dentro de cada um que o ouvia, com a melodia certa, no momento certo. Com um piano bem afinado, evidentemente.
Em resumo: não há bons pianistas a Sul (nem a Norte, nem em lado nenhum): há pianos bons, bem afinados e há pianistas que os merecem. Sim, a Sul também os há (que los hay).

11 de dezembro de 2010

Al Vent

Em idos da década de sessenta ansiava-se por liberdade por toda a Península Ibérica. Do lado de lá da fronteira, como cá, multiplicavam-se as canções ditas de intervenção ou, como se designam na Catalunha, "nova cançó". Porventura das mais livres de todas, a voz de Raimón (Ramon Pelegro Sanchis) entoava "Al Vent". Lembro-me de a ouvir no rádio do carro familiar, quando se ia a Espanha, na década de setenta. O ritual da fila para o ferry que atravessava o Guadiana entre Vila Real de Santo António e Ayamonte, sob vento forte, a despeito da distância da Catalunha. Há dias, um sopro de vento mais forte na estrada trouxe-me de regresso aos ecos dessa liberdade que só o vento proporciona, primeiro cantada, depois reivindicada e finalmente celebrada. Quase em simultâneo, lá como cá, o vento soprou liberdade. Nestes dias de vento forte, de tempestade, as palavras de Raimón levam-me à infância, às memórias que não diria esquecidas, mas guardadas em qualquer lugar. O vento tem essa propriedade, de arejar as memórias, de as soltar sem nenhum plano pré-determinado. "Al Vent", ouvido quase trinta anos depois desse tempo, traz-me hoje, para além dessas memórias, a consciência de algo que se nos cola à pele: um grito de liberdade, de espaço interior, algo que se assemelha ao voo de uma ave sem destino por todos os mares do mundo.

Mas ao mesmo tempo, a informação à distância da ponta dos dedos, resolvi navegar noutro oceano. A internet mostra-me que Raimón, o valenciano que canta em catalão, hoje septuagenário, viveu sempre prisioneiro da sua canção. Talvez a palavra seja demasiado forte, porque as músicas não aprisionam, mas a verdade é que "Al Vent" se colou ao artista como uma segunda pele que nunca conseguiu despir. Persegue-o. A canção, uma das suas primeiras, leva já cinquenta anos e continua a ser o seu ícone, ultrapassou o criador. Cinquenta anos de uma carreira ao vento. Em 1993, aquando dos trinta anos da canção, houve um majestoso concerto no Palau Sant Jordi, em Barcelona. Estiveram presentes Paco Ibañez, Joan Manuel Serrat, Mikel Laboa, Pete Seeger, Pi de la Serra, Daniel Viglietti e até Luís Cília. O público acorreu em massa para celebrar a canção. Raramente uma única música teve semelhante protagonismo nem simbolizou tanto: a resistência contra o franquismo, o nacionalismo catalão, a liberdade de um povo. E no entanto, Raimón é considerado um traidor entre os seus de Valência, ele que se diz um "catalán de Xàtiva". Talvez porque cante em catalão e porque se diz catalão. Xàtiva é uma aldeia da "Comunidad Valenciana", situada na margem direita do Albaida e para muitos valencianos, dizer-se catalão constitui uma ofensa. Há coisas que o vento não apaga, mesmo após soprar durante décadas: as palavras, as memórias, as recordações. Tudo persiste. Por vezes, essas recordações são arejadas e regressam. Assim as músicas, os sentimentos, as emoções espalhados. Ao vento.

Al vent,
la cara al vent,
el cor al vent,
les mans al vent,
els ulls al vent,
al vent del món.

I tots,
tots plens de nit,
buscant la llum,
buscant la pau,
buscant a déu,
al vent del món.

La vida ens dóna penes,
ja el nàixer és un gran plor:
la vida pot ser eixe plor;
però nosaltres

al vent,
la cara al vent,
el cor al vent,
les mans al vent,
els ulls al vent,
al vent del món.

I tots,
tots plens de nit,
buscant la llum,
buscant la pau,
buscant a déu,
al vent del món.


24 de novembro de 2010

Um poema em 128 segundos

A noite derrama-se nas minhas palavras
A madrugada avança
Notas de música fria
húmidas
desenroladas numa pauta
ouvem-se ao longe
uma mulher chora.
A minha mão saltita no papel
acendendo aqui e ali uma vela
de esperança e pureza
Os meus pensamentos enrolam-se
batem num muro de palavras
O meu poema tinge-se de negro
talvez o meu melhor poema
Digo negro?
pelo que contém e não pela forma
como se edifica
Desbasto-o. Nenhum muro é suficientemente sólido
perfeito, eterno
e este muro que aqui deixo esta noite
fria, húmida
fragilizado
no corpo recém edificado onde se alojam já frestas por onde cresce a hera
amanhã a cal que o reveste secará ao sol
como a minha pele plena de sal
gretada pelas lágrimas que já soube derramar
Pela manhã haverá sol
e o meu muro
sólido, abrigará na sombra os lírios de que tanto gosto
enquanto no lado solarengo
se aparam os espinhos às rosas.
A minha carne soçobrará por fim ao cansaço da noite
e o meu sangue talvez abrande vergando-me ao sono
da manhã
Sorrio antes de enlouquecer
as palavras doem
o Sol já alto acode-me
na falta de limpidez do meu pensamento
Raio de luz
uma chama acende-se nos telhados
enquanto se desmorona por fim o muro
e se libertam em catadupa as palavras
que o meu coração aprisionava há pouco.


Hesperion XX Jordi Savall - Polorum regina omnium nostra .mp3
Found at bee mp3 search engine

1 de novembro de 2010

Um profundo adeus

Esta noite sei-te triste
(a)batida
como a areia lavada na maré vasa
gotas salgadas escorregando para o mar
em sulcos profundos como rugas
eferidas abertas
até à próxima maré.
Apetece-me sentar por ora,
em silêncio
na orla
naquela fronteira em que a areia
hesita entre ser seca ou molhada
onde nada é certo
a não ser a nossa amizade
e a certeza que partilho com as estrelas
a tua imensa dor.

18 de setembro de 2010

(Do not) Shoot the bear

Às vezes uma ideia consegue ser genial sem que resulte. Provavelmente não conseguiremos lembrar-nos da marca no final do anúncio, porque o conteúdo nos prendeu demasiado a atenção. Eis algumas sugestões para colocar no conteúdo interactivo: "hugs", "sleeps", "showers", "feeds".


19 de agosto de 2010

Águas de Março

Nada como um momento sublime de boa e leve música, para apagar a tempestade desta noite, em Alvalade.

14 de julho de 2010

A copa do mundo é nossa!

Segundo o Tratado de Tordesilhas de 1494, celebrado entre Portugal e Espanha, quaisquer conquistas ou descobertas efectuadas a Este do Meridiano dos 46º passa a ser pertença de Portugal. Assim sendo, a taça conquistada pertence a Portugal, pelo que deve ser entregue no mais curto espaço de tempo.
Alguém que tome a sua cargo a iniciativa, sugerindo-se o uso de DHL ou outra via de correio expresso, para o cumprimento do exposto.

Midsummer Concert, Steinvikholmen, Trondheim Fjord, Norway

1 de junho de 2010

Uma outra forma de dizer adeus

Despedida eterna
Zé Luis: começámos esta tua última viagem (tu gostavas de viagens) na cama 56 dos serviços de cirurgia 1 do Hospital de Santa Maria. Lia-te poesia e um dia parámos neste poema da Sophia de Mello Breyner:

”Apesar das ruínas e da morte,
Onde sempre acabou cada ilusão,
A Força dos teus sonhos é tão forte,
Que tudo renasce a exaltação
E nunca as minhas mãos ficam vazias”.
.
Assim foi.
No teu visionário e intenso mundo, a voracidade de um cancro traiçoeiro não te consumiu a alegria, a coragem, a liberdade. Entraste pela morte dentro de olhos abertos. O mundo que habitavas era rico de ideias, de sonhos, de projectos, de honradez e carinho. Percebemos o que ia acontecer quando no fundo do teu olhar sorridente brilhava uma estrela de tristeza. Quando te deixava ao fim do dia na cama 56 e te trazia no coração enquanto descia a Alameda da Cidade Universitária a respirar o teu ar da Universidade, das aulas e dos alunos que adoravas, do futuro em que acreditavas sempre.

Foste intolerável com a corrupção, com os cobardes e oportunistas. Não suportavas facilidades. Resististe à sordidez, à subserviência, à canalhice disfarçada de respeitabilidade e morreste como sempre viveste - livre.

Uma palavra para aqueles que te acompanharam nesta última viagem: para os melhores médicos do mundo, para as melhores equipas de enfermagem e de apoio, num exemplo de inexcedível dedicação ao serviço médico público. Vivi com emoção diária o carinho com que te cuidaram. Uma palavra de gratidão sentida para o Professor Luis Costa e para o Paulo Costa. E para um velho amigo de sempre o Miguel. Também para Laura e para o Jorge e para a minha mãe e toda a família que nunca te deixou.

Por fim uma palavra para aqueles amigos que inventaram uma barricada contra a morte no serviço de cirurgia 1, cama 56, e te ajudaram a escrever, a pensar, a continuar a trabalhar: o João Gama, o João Pereira e senhor Albuquerque, cada um à sua maneira.
Suspiraste nos meus braços pela última vez cerca da 1,15 da madrugada do dia 14 de Maio.
Vai faltar-me a tua mão a agarrar na minha enquanto passeávamos e conversávamos.
Provavelmente uma saudade ridícula, perante a força do exemplo e da obra que nos deixaste e me foi trazido por todos aqueles que te homenagearam – a quem deixo a tua eterna gratidão. Tenham a coragem de continuar.
[16.05.2010 - Maria José Morgado]

1 de abril de 2010

Este blog

termina [evidentemente] aqui - muito embora não sejam evidentes os motivos pelos quais efectivamente termina. Donde, creio que este clip pop assenta bem neste adeus. Obrigado e até sempre.