Nestes dias de instabilidade no Oriente mais vizinho, ocorre-nos evocar Rachid Taha, o franco- argelino cuja música consiste numa fusão entre diversos géneros musicais, como o rock, techno, ou Indie com o Rai. Com excepção de alguns temas, todo o seu trabalho é cantado em árabe, num dialecto argelino. É conhecido também pelo som único que transmite com o "mandolute", uma espécie de oud, que junta a instrumentos musicais eléctricos e electrónicos. No video abaixo, Taha reedita "Rock the Kasbah", dos Clash, lançado em 1982, integrado no álbum Combat Rock. O punk interventivo e resistente dos anos 80, neste caso denunciando o esforço de controlo das massas pela força das armas por parte dos ditadores, é vencido pelo rock 'n roll, proibido nas kasbah.
Nestes dias, ao olharmos para os cristãos coptas, de mãos dadas com os seus irmãos muçulmanos na Praça Tarhir, empunhando cartazes exigindo a demissão de Mubarak, em frente aos blindados do exército egípcio e em violação do recolher obrigatório, faz todo o sentido substituir, ainda que apenas provisoriamente, o hino egípcio e a chamada para a oração pelos acordes da banda britânica nos altifalantes dos minaretes e ruas do Cairo. E atentar no que se passa no mundo árabe, que por ora desperta para algo de diferente, incerto e não necessariamente melhor, mas seguramente um rejeição do status quo vigente. E observar ainda, traço comum entre todas elas, o patético esforço da manutenção das ditaduras à beira do fim. Mubarak, em tempos o homem de confiança do nobelizado Anwar El Sadat, não precisava de dançar o rock das kasbah, se tivesse percebido que o tempo dos faraós há muito terminou nas areias do Egipto. Porventura mais para ocidente, quem é o senhor que se segue, nas amenas costas do Mediterrâneo?
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