13 de agosto de 2019

Van Gogh and Britain

Encerrou há dias "The Ey Exhibition: Van Gogh and Britain" um exposição que esteve patente na Tate Britain, em Londres. A mostra revelava cinquenta trabalhos do pintor - que viveu em Londres - com a intenção de mostrar a influência dos artistas britânicos no trabalho de Van Gogh e vice-versa. 
A exposição revelava, ao longo de nove salas, em particular, as influências de Dickens e George Elliot, a partir da literatura, mas também de Constable e Millais, na pintura. Por outro lado, patenteava a influência do holandês nos trabalhos de Bacon, Bomberg, Harold Gilman ou Spencer Gore, entre outros, na escola dos modernistas britânicos. Embora apenas dividida em duas secções, a exposição esteve perfeitamente organizada, porque escalada em três momentos: as influências inspiradoras, o resultado no trabalho do artista e a influência posterior do trabalho de Van Gogh nos britânicos. Na mostra figuravam trabalhos maiores do pintor, como os Girassóis da National Gallery ou a Noite Estrelada sobre o Reno do Museu de Orsay.




Entretanto, não deixo de [como poderia?] estabelecer a este propósito uma ponte com o poema de William Blake 


London
I wander thro' each charter'd street
Near where the charter'd Thames does flow
And mark in every face I meet
Marks of weakness, marks of woe.

Humildemente, altero os versos de Blake
My thoughts wander
near by the Thames
where my heart flows
helplessly
searching in every face
for the warmth of your vows.


Mais adiante, descendo o Tamisa, porventura ainda inspirado por uma das gravuras de Gustave Doré, detenho-me um pouco à beira-rio, não longe do local retratado por este último, onde traduzo livremente aqueles versos, num impulso:


Londres
A minha alma
flutua junto ao Tamisa
onde em surdina
o meu coração bate
enquanto evoca o teu nome
procurando o reflexo do teu rosto
no de quem passa
ou nas águas adormecidas
junto à margem


Parafraseio por fim Harold Gilman, que mantinha um retrato do pintor no seu atelier e, antes de começar a pintar, saudava-o com o pincel e uma vénia, enquanto soltava um proverbial "à toi Van Gogh!".

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