16 de junho de 2018

O segredo

o segredo
[uma tempestade vista
pelos teus olhos]
encerra-se neste poema
escrito
à sombra dos jacarandás
em junho
a caminho do equinócio

Nós cegos
pela luminosidade das palavras
e a obscuridade dos poemas
batidos pelos último pingos de chuva
Procuramos
no aluvião das sílabas
no interior dos silêncios
[Instantes]
a que nos agarrarmos
fintando a sorte da memória
as mãos
pousadas em forma de líquen
sobre a pele.

O segredo
[as palavras que não te disse
nem escrevi]
são folhas riscadas
rasgadas
abandonadas debaixo do parapeito
Queria
pedir que as esquecesses
mesmo que as não tenhas lido
ou ouvido
para depressa as banirmos da memória
e fecharmos as pálpebras

O segredo
é que escrevo
a verdade
a mentir.








1 comentário:

Anónimo disse...

O mais belo poema de amor que li neste universo da blogosfera.