No seu esforço contínuo de se transformar numa marca (ainda) mais global e omnipresente, a Google passou a permitir a visita virtual a dez museus (and counting!) do mundo. Assim, comodamente instalado no sofá, o visitante pode agora, através do Art Project, passear-se, por exemplo, pelo Reina Sofia e o Thyssen-Bornemisza de Madrid, o Rijksmuseum de Amsterdão, o MoMA de Nova Iorque, o Palácio de Versalhes, a Tate ou a National Gallery de Londres, entre outros.
22 de fevereiro de 2011
21 de fevereiro de 2011
19 de fevereiro de 2011
Music for a sad woman
Tu as un rêve
Je sais que tu as un rêve
Je connais ton rêve
Je veux supporter ton rêve
Etre un pilier
Ton rêve est mon rêve
Je suis toi
Tu es moi
12 de fevereiro de 2011
8 de fevereiro de 2011
Rock the Kasbah
Nestes dias de instabilidade no Oriente mais vizinho, ocorre-nos evocar Rachid Taha, o franco- argelino cuja música consiste numa fusão entre diversos géneros musicais, como o rock, techno, ou Indie com o Rai. Com excepção de alguns temas, todo o seu trabalho é cantado em árabe, num dialecto argelino. É conhecido também pelo som único que transmite com o "mandolute", uma espécie de oud, que junta a instrumentos musicais eléctricos e electrónicos. No video abaixo, Taha reedita "Rock the Kasbah", dos Clash, lançado em 1982, integrado no álbum Combat Rock. O punk interventivo e resistente dos anos 80, neste caso denunciando o esforço de controlo das massas pela força das armas por parte dos ditadores, é vencido pelo rock 'n roll, proibido nas kasbah.
Nestes dias, ao olharmos para os cristãos coptas, de mãos dadas com os seus irmãos muçulmanos na Praça Tarhir, empunhando cartazes exigindo a demissão de Mubarak, em frente aos blindados do exército egípcio e em violação do recolher obrigatório, faz todo o sentido substituir, ainda que apenas provisoriamente, o hino egípcio e a chamada para a oração pelos acordes da banda britânica nos altifalantes dos minaretes e ruas do Cairo. E atentar no que se passa no mundo árabe, que por ora desperta para algo de diferente, incerto e não necessariamente melhor, mas seguramente um rejeição do status quo vigente. E observar ainda, traço comum entre todas elas, o patético esforço da manutenção das ditaduras à beira do fim. Mubarak, em tempos o homem de confiança do nobelizado Anwar El Sadat, não precisava de dançar o rock das kasbah, se tivesse percebido que o tempo dos faraós há muito terminou nas areias do Egipto. Porventura mais para ocidente, quem é o senhor que se segue, nas amenas costas do Mediterrâneo?
7 de fevereiro de 2011
O mar (mas podia ser "O Norte" apenas para variar)
Quando fazemos quarenta anos e sempre vivemos ao pé do mar, acabamos, provavelmente por um inevitável processo de osmose, de fazer parte dele, ou ele parte de nós. Periodicamente, damos-nos conta que voltamos a ele e que grande parte da nossa existência depende dele, ou subsiste em função dele. Quando isso sucede, tomamos consciência de que estamos a aprender a lidar com as adversidades da vida, como se estas pudessem ter comparação com as ondas que batem regularmente na costa e a moldam, como sucede com a nossa personalidade perante a adversidade.
Da mesma forma, o amor, que é algo altamente sobrevalorizado nos tempos que correm: o medo da não aceitação, a apreensão de que esse medo seja infundado e finalmente a vaga possibilidade, admitida somente a espaços, de que o outro esteja connosco por amor... Mas ao que importa, como a adversidade e as ondas, também o amor, porque se pode manifestar de uma ou outra forma, molda a personalidade, como o vento a rocha. Há tempos lia uma tradução de Smila, do dinamarquês Peter Hoet. Profusamente cheio de gelo, de extensões imensas e geladas de afectos, que contudo se fundiam numa teia calorosa de sentimentos complexos, por vezes, ao longo do livro retive a sensação de (in)dependência que a personagem principal, uma mulher, revelava em relação ao amor, a compartimentação que dele evidenciava. Em cada capítulo, a mulher mergulhava um pouco mais numa profunda camada de gelo glaciar, ao mesmo tempo que a narrativa caminhava para o norte gelado, algures ao largo da costa da Gronelândia. Ao longo do romance chegamos a sentir-nos próximos de alguém que a dada altura, por acaso, se interroga, quase cientificamente, sobre o significado do amor, como se questiona acerca da forma hexagonal de um cristal de gelo.
A paixão como uma demência, um estado de demência que aproxima a pessoa do suicídio, mas igualmente do ódio, do ressentimento... Por vezes, à beira-mar lembro-me das vezes (serão lendas?) em que me apaixonei, ou em que julgo que me apaixonei. A espaços irregulares, julgo que posso ter apenas tropeçado e batido com a cabeça num degrau, mas em nenhuma circunstância o sentimento me parece real. Quase subtilmente, mas depois profundamente, apercebo-me que o amor pode ser algo tão exacto como a matemática: nem sempre sabemos do que estamos a falar e nem sempre sabemos se o que estamos a dizer, ou que nos estão a dizer, é verdadeiro ou é falso. E descobrir isso, em bom rigor, tem pouca importância para a maior parte dos mortais, para quem o amor é verdadeiramente importante. Pelo contrário, é extremamente importante para uma pessoa que se apaixonou pela frívola ideia de um amor romântico e pela imatura idade de ser amada.
Verifico que perdi o fio ao raciocínio original. Não que o tenha verdadeiramente perdido, mas simplesmente não fui capaz de o desenvolver sob outra forma que não ideias dispersas. E assim, o mar que eu projectara pintar saiu revolto e desencontrado, inacabado. É assim, também, por vezes,o amor, o amor que resulta do (des)encontro de pelo menos duas vontades, expressas em torrentes de incontroláveis palavras:
Estamos hoje na véspera de Natal
O gelo, darling,
Acumula-se no passeio silencioso
Observo o realismo do branco
Refletido na tua pele morena
E tenho a certeza que não pertences aqui
Flutuas apenas.
Quando tento despedir-me,
não há pegadas tuas na neve
Apenas cavidades minúsculas
Onde os teus olhos verteram
Lágrimas quentes.
Amanhã, depois do nascer do sol
o teu rosto não estará deste lado do mar.
Obrigado Liedson
Como deixar passar em claro estes quase oito anos de Levezinho, de tantas alegrias? Noutro sentido, evidentemente, também poesia.
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