Avelino Ferreira Torres foi absolvido de todos os crimes de que era acusado. Começou mais cedo a comemoração do dia mundial do teatro.
27 de março de 2009
25 de março de 2009
22 de março de 2009
Benvenutti
Uma concessão ao superficialismo consumista, encapotado pela estética moderna (porque o homo tradicionalis gosta pouco de dar o braço a torcer nas suas construções estéticas).
19 de março de 2009
Im-per-dí-vel
Entre 24 e 26 de Abril, no CCB, mais de 400 músicos vão traçar e trilhar um percurso na música, desde Johann Sebastian Bach até aos dias de hoje. São mais de 70 concertos a interpretar obras compostas por J.S. Bach ou por compositores que foram por si fortemente influenciados.
17 de março de 2009
Os estados-nómadas
A forma de Estado Federal é uma solução para a compatibilização e possibilitação do modo de vida de um povo nómada e sem território fixo dentro das fronteiras de um Estado multi-étnico mas de maioria sedentarizada? Dito de outra forma, pode a federação ser a associação de um estado sob a forma tradicional (neste sentido se entendendo como dotado de povo, território e poder político) com outro Estado que contenha o elemento povo e poder político e o território seja algo de relativamente indefinido?
No início da década de noventa não teria dúvidas em responder negativamente à pergunta. Mas hoje, ao olhar para o problema palestiniano de uma Palestina com povo, território (cada vez menor, é certo) e poder político (fraco) por comparação com a nação tuaregue, cigana, cã ou masai (povo e poder político, sem território), tenho as maiores dúvidas sobre a actualidade da caracterização do Estado moderno teorizado por G. Jellinek e por M. Duverger.
E a verdade é que os modernos desafios, a necessidade de uma cada vez mais estruturada sociedade internacional vieram acentuar a necessidade de se repensar a questão. É que, se hoje a ameaça do terrorismo força que se pense que a guerra não seja apenas travada entre Estados, mas igualmente com grupos de indivíduos, não fará sentido reconhecer, em tempo de paz, o direito à autodeterminação de nações, ou de grupos de indivíduos dotados de uma identidade, cultura e poder político próprios, mas sem território estável, porque herdeiros de uma forma de estar milenar? E assim chamá-los ao Forum Mundial de países, a fim de os vincular a normas e tratados internacionais, dotando-os da necessária soberania? Afinal, que sentido faz a primazia do sedentarismo em detrimento do nomadismo, afinal a primeira das formas de organização humana?
A questão é tanto mais pertinente quanto hoje em dia a velocidade e disponibilidade na circulação da informação permite facilmente gerir a dispersão de pessoas sem fixação a um território geo-político.
O que nos leva a uma outra ordem de questões: pode um estado-nómada ser viável? Se o for, pode constituir um risco e uma ameaça para os estados tradicionais, caso seja viável? É essa ameaça/temor que tem condicionado a criação de estados-nómadas, ou a criação de federações com estados-nómadas?
16 de março de 2009
Onde um tipo decide falar com os seus botões porque sim, sem querer chegar a lado nenhum a não ser ao fundo de uma garrafa de vinho
Há dias, mais exactamente na segunda-feira passada, enquanto passeava o cão (na verdade é uma cadela, mas para o efeito é irrelevante), de casaco vestido (o facto de ter casaco vestido também é irrelevante), pensava para com os meus botões (e, de resto, o tal casco vestido não tem nenhum botão) sobre onde diabo teria eu a cabeça quando decidi adoptar um cão que me obriga a sair de casa para ir alçar a perna duas vezes por dia, que se diverte a babar o chão e a manifestar efusivamente a sua alegria de cada vez que acordo de manhã ou quando chego a casa ao final do dia. Embora a pergunta fosse de retórica, lá a fui repetindo de quando em vez, enquanto procurava uma faixa no leitor de música, ao mesmo tempo que me tornava num voyeur das abluções da minha quadrúpede companheira. Encontrada a faixa certa, ajeitei os fones e "stand up comedy" invade-me o inner space no exacto momento em que avisto uma fila de lagartas à beira do passeio. Páro por instantes, saltando em seguida por cima dos bichos com o cuidado de não os pisar ou perturbar a sua labuta e viro-lhes costas seguindo caminho... quando subitamente um arrepio me percorre friamente a espinha assim que me recordo que as lagartas não são assim tão irrelevantes se pensarmos que os cães, para além de um instinto e de um olfacto muito apurado, são igualmente as criaturas que melhor conhecem a Lei de Murphy. Desgraçadamente, descubro então que sou o feliz proprietário de um animal que conhece a famigerada lei ao detalhe pois, quando termino de me virar tão lentamente quanto posso constato imediatamente um pequeno hiato na fila de lagartas, prontamente confirmado pelo ar satisfeito da Blackie (considere-se o leitor apresentado ao cão que para efeitos desta crónica é indiferente que seja cadela). E assim, pela segunda vez nessa noite, volto a trocar ideias com os meus botões inexistentes no casaco irrelevante enquanto acelero pela 125 que já tevedias mais azuis fora, a tentar perceber que graça achará um cão (ou uma cadela) em provar o sabor de um cacho de lagartas do pinheiro às dez da noite. Nesta altura, no leitor já desfilava "cedars of Lebanon", o que até batia certo com o aspecto do focinho do animal, que então tinha mudado de raça, numa metamorfose notável que a levou a passar do típico aspecto bonacheirão de uma labrador para o de uma temível bull terrier. Se quisermos, mais realisticamente ainda, pense-se na imagem de uma daquelas respeitáveis senhoras cuja auto-estima se recarrega a seringas de botox cirurgicamente administradas aos sábados à tarde, em festas de solidariedade para com os seus egos, para termos uma imagem mais fiel do aspecto do animal.
Já no regresso, aliviado pelo facto de o bicho se ter safado sem grandes mazelas (pelo menos menores que as que tenho desde que me armei em Fabien Barrel ontem de manhã), decidi castigá-la (não sei se já referi que se trata de uma cadela, mas não é importante) com a Leninegrado de Shostakovich, mas o esgar de dor do animal, fez-me mudar de ideias e fiquei-me pelas Goldberg Variations porque, convenhamos, seis ou sete lagartas não deixam ninguém com apetite para os vinte e tal minutos do primeiro andamento da Leninegrado. Assim, tomei acessoriamente a decisão de até ao final da semana não mais querer saber de lagartas. Evidentemente, isso foi sem pensar que, depois dos cães, as segundas criaturas que melhor conhecem a Lei de Murphy são os jogadores do Sporting. Ponto final portanto, neste assunto de lagartos e lagartas.
Mas dizia, eis como um animal nos muda a vida e nos põe a conversar com os botões (o que apesar de tudo sempre é mais saudável que falar com o espelho, não se vá cair na tentação do botox) e a andar de havaianas e calcões pela rua de um recomendável bairro familiar, à noite, dando motivo aos vizinhos que se cruzam connosco a caminho do caixote do lixo, de nos perguntarem com o ar mais complacente, retoricamente é certo, enquanto nos conta os pelos das pernas ainda brancas "então lá vai passear o cãozinho, não é verdade?". Nessas alturas respondo (para com os meus botões evidentemente) "não, vou ali a uma festa botox no 89", mas evidentemente que mesmo que o dissesse sempre seria desmentido pela trela que ostento na mão e pelas Helly Hansen de onde sobressaem os dedos "white as snow" dos meus pés.
E porque um mal nunca vem só, como se não bastassem o vizinhos, a minha própria filha mais nova de vez em quando passou a perguntar-me "pai, porque é que agora usas chinelos?" o que, convenhamos, sempre é melhor que a mais velha que rindo me pergunta porque é que bebo sempre vinho às refeições. Tenho conseguido adiar a resposta porque desconfio que nenhuma delas se satisfaria com um "porque sim", por isso aproveito para desencaixar as Helly Hansen e encher o copo (de vinho) enquanto procuro uma repostas convincente, até para mim. Saúde. I'll Go Crazy If I Don't Go Crazy Tonight. À tua Blackie, morituri te salutant em Tripoli.
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PS: antes que me esqueça: tudo quanto acima se escreveu é tão perfeitamente irrelevante quanto o casaco que no episódio relatado este humilde escriba tinha vestido
Unchained weekend
Para comemorar os seus 30 anos, a Rádio Comercial brindou os seus ouvintes ao longo de todo o fim de semana com 48 horas seguidas de albuns dos U2, em exclusivo. Se o nível for o mesmo, mal posso esperar pela comemoração dos 40 da Comercial.
Entretanto, cedi à tentação de fazer o "quiz test" onde a pergunta é SE VOCÊ FOSSE UMA MÚSICA DOS U2, QUAL SERIA? O resultado não foi inesperado, mas fica para mim.
10 de março de 2009
9 de março de 2009
How colorful is your personality?
Nem sempre olhamos para os electrodomésticos do dia-a-dia como eles merecem. E embora passemos grande parte da nossa vida diante deles, não permitimos que se transformem numa exteriorização da nossa própria personalidade. Tendo como base essa lacuna, a Amana (grupo Whirlpool) criou uma linha de frigoríficos (porventura o maior mono que uma cozinha pode ter) que tornam este electrodoméstico no MVP de qualquer cozinha. Vale, por isso, a pena uma visita ao site da marca, onde não falta um teste de personalidade ao utilizador, num imaginativo e divertido truque de marketing.
4 de março de 2009
2 de março de 2009
Em dia de lançamento de novo album dos U2, uma recomendação
Africa Celebrates U2 - Pride (In The Name Of Love)
Billboard Magazine: "A rare beauty" (Ver mais)
Giant Step: "Pays tribute to the music, culture and future of Africa" (Ver mais)
Uma curiosidade
Há coincidências que não lembram ao próprio diabo. No dia 20 de Fevereiro, sem me ter predisposto a isso, mas apenas porque o pensamento le levou para aí, escrevi um post dedicado a Mano Dayak, o tuaregue que lutou pelo reconhecimento dos direito do seu povo. Não maliano ou do Níger, mas tuaregue, que é uma nação própria, de gente nómada e livre do deserto, porventura o povo com o espírito mais livre do mundo. Mano Dayak, para além de ter estudado na Sorbonne e de ter lutado pelos direitos do seu povo, foi igualmente um conhecido guia de homens, sempre ansioso por dar a conhecer os costumes e hábitos dos seus, tendo para isso fundado uma empresa de viagens e excursões de aventura na África sahariana. Pela sua mão, homens como Thierry Sabine e José Megre conheceram o interior profundo do deserto e levaram a sua paixão ao extremo de eles próprios levarem consigo outros aventureiros. José Mégre conheceu Mano numa viagem ao Téneré e manteve uma amizade próxima com este, que durou até à morte do tuaregue, num acidente de avião. Foi por acompanhar as viagens e expedições de José Megre com uma certa regularidade, que me interessei por Mano Dayak e pela causa tuaregue, pela qual nutri e nutro uma grande simpatia.
Mas dizia que há coincidências: nunca o tinha feito, nem sabia que havia, mas esta manhã encontrei por casualidade a homepage de José Megre, quando procurava uma informação sobre a cordilheira do Atlas, porta de entrada no deserto marroquino. E na entrada, a notícia de que José Megre faleceu em 21 de Fevereiro último, ou seja, na madrugada seguinte à noite em que escrevi o post sobre Mano Dayak. Obviamente, outra coincidência: exactamente 25 anos depois da morte do meu avô. Quando parte a próxima caravana para Tombuctu?
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