29 de janeiro de 2016

Mundo de pernas para o ar

Um exercício aparentemente simples:
Uma folha em branco
Tão imensamente
vazia
Tão assustadoramente
vazia
Tão repentinamente 
vazia

Diante da qual hesito
Mas não resisto
a ocupar
assim 
com esboços
palavras 
compassos
versos sem fim

Todo
o infinitamente branco
Onde não cabe
Nenhum vácuo
Nenhum silêncio 
Nenhum vazio

Enfim

Todo
o mundo de pernas para o ar

10 de janeiro de 2016

Otherwordly Blue



Look up here, I’m in Heaven,
Oh, I’ll be free just like that bluebird
Oh, I’ll be free
Ain’t that just like me
(Bowie, Lazarus)

2 de janeiro de 2016

Terra





às vezes recordo-me
do teu corpo ser um aquário
e os teus olhos safiras
através dos quais via a verdade do mundo

às vezes ocorre-me
todavia, que a verdade do mundo
é um par de calças
de algibeiras vazias

ou simplesmente um jardim, o sol,
a areia, uma mão cheia de sonhos
o firmamento de onde se sopra
o pó das estrelas



Água




Oh! Dream of joy! Is this indeed
The light-house top I see?
Is this the hill? Is this the kirk?
Is this mine own countree?

We drifted o'er the harbour-bar,
And I with sobs did pray—
O let me be awake, my God!
Or let me sleep alway.
.
(the rime of the ancient mariner)


1 de janeiro de 2016